Recordações de um Sarau Artístico…

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Eu acredito que a vida da gente é feita por ciclos. Ciclos pequenos, ciclos grandes… acho que o show que realizei no Teatro Carlos Gomes acaba sendo o fechamento de um grande ciclo que começou quando sai da casa dos meus pais no ano 2000 e me mudei para Campinas para fazer faculdade de música.
Nesses 14 anos aconteceram verdadeiras revoluções na vida do filho único da Dona Tereza do qual ela cuidou com tanto carinho até que ele completasse 19 anos.
Hoje olho para trás e lembro de tudo vivi, lembro da minha mãe que viveu tudo comigo, mesmo que de longe, e me emociono.
Poderia ter sido um concerto como qualquer outro importante que já fiz ou que venha a fazer no futuro, mas não foi. Foi mais especial. Mais especial porque que eles estavam lá, minha mãe, meu pai, meus primos, tios, amigos, muitos dos quais dificilmente entrariam em um teatro municipal para assistir um concerto. Estavam lá pessoas da minha terra que não me conheciam pessoalmente, mas fizeram questão de ir porque me conheciam através do disco ou da internet. Estavam lá também pessoas que simplesmente passaram na rua, viram o banner e compraram o ingresso para ver do que se tratava. Foi especial porque todos eles gostaram e muitos se emocionaram.
Eu me emocionei porque além de tudo isso foi a primeira vez em que voltei ao Espirito Santo para tocar e felizmente voltei para mostrar a coisa mais sincera que já fiz até hoje. Me emocionei também porque foi a primeira vez – e espero que primeira de muitas! – que pude experimentar tudo que sempre estudei sobre o piano, coisas que só se consegue perceber em um teatro grande com um piano grande (e em bom estado) e sem amplificação alguma: o cantábile pianíssimo que ecoa por todos os cantos da sala, o fortíssimo que faz vibrar o piano, o palco e consequentemente o coração do pianista, o toque da mão com todas as suas nuances, com todos os seus efeitos que são respondidos com precisão pelo instrumento. É uma sensação única…!
Foi um dia em que eu estava muito à vontade pois sabia que estava tudo funcionando bem. Parecia que eu estava em um sarau. Um sarau em que só eu me apresentei, é verdade, mas não deixava de ser um sarau…
Dormi com a sensação de missão cumprida.
Deixo aqui uma pequena recordação: o bis!

 

 

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